quarta-feira, 3 de março de 2010

Treze Tílias: As memórias de Alfred Luiz Baumgarten - Parte I


Há alguns anos, em visita a um sebo de Blumenau encontrei um livreto de 89 páginas, escrito por Alfred Luiz Baumgarten (1912-2001), e intitulado "Missão Cumprida". Curioso por encontrar na auto-biografia dados que remetessem ao passado de Blumenau/SC, grata surpresa encontrei, à p. 75, o título "Treze Tílias". O autor relata suas duas passagens pelo município. Ainda que tenha omitido a data destas viagens, permito-me, a partir de um dado fornecido pelo autor, supor que tenham ocorrido em 1978 e 1980, respectivamente. A suposição se baseia na informação de autor de que sua segunda viagem aconteceu quando Rio Negrinho/SC "estava festejando seu primeiro centenário" (p. 77), e é sabido que isso aconteceu a 24/04/1980, uma quinta-feira.
As informações referentes à história e a outros fatos do município são resultado de impressões coletadas pelo autor em suas visitas à cidade e eventualmente algumas delas podem carecer de confirmação.
Estou certo que o leitor terá muito prazer nestes relatos, especialmente o que estiver familiarizado com os locais e fatos mencionados, ou mesmo os protagonizou. O relato da segunda viagem publicaremos em breve.


Treze Tílias

Estivemos duas vezes nessa encantadora cidadezinha do interior catarinense. A cidade foi fundada em 1933 por um grupo de tiroleses, chefiados pelo ex-ministro da Agricultura da Áustria, Andreas Thaler. Depois de peregrinar por vários países sulamericanos, acabaram no Brasil, onde encontraram o lugar dos seus sonhos para se assentarem e fundar uma cidade. Assim, nasceu Treze Tílias (em alemão "Dreizehn Linden").
Em Treze Tílias tudo se desenvolve com a preocupação de preservar as tradições tirolesas. Graças aos incentivos da prefeitura, que entre outros isentou de impostos durante 5 anos a construção de casas típicas. Nem mesmo as agências do Banco do Brasil e do Banco de Desenvolvimento de Santa Catarina escaparam. Elas estão instaladas em prédios com estilo tirolês.
A primeira viagem fizemos no carro do sr. Oswaldo Hueves, nosso representante* para o Estado de Santa Catarina. Do grupo participaram, além do sr. Oswaldo, minha irmã Grete e seu marido Luiz, o sr. Werner Riedmann, da Fábrica em Nova Friburgo, Marília** e eu. Chegamos à cidade já noite escura sem saber onde ficar. Vimos no alto de uma colina uma igrejinha iluminada. Fomos até lá e, como a porta estava aberta, resolvemos entrar. Na igreja meu cunhado Luiz encontrou uma religiosa que conheceu há muitos anos quando lhe forneceu remédios, sendo ele farmacêutico. A freira nos apresentou ao Padre João, tirolês e pároco da igreja. A nosso pedido indicou-nos um hotel e se ofereceu para nos acompanhar ao Hotel Tirol da Da. Mitzi. Era um hotel típico da região, familiar e muito simpático, administrado por Da. Mitzi, suas duas filhas e um genro. Éramos praticamente os únicos hóspedes e, apesar da hora avançada, nos prepararam um gostoso lanche (Abendbrot), acompanhado de vinho da região. Depois ainda fomos brindados com um concerto de cítara por Da. Mitzi, acompanhado por um coral formado pelas filhas e genro e do qual nós acabamos participando.
O dia seguinte foi de passeios pela cidade e visitas a vários artesanatos, a maioria de esculturas em madeira, principalmente de figuras sacras. O pessoal do hotel e outras pessoas com as quais conversamos, nos aconselharam a voltar no ano seguinte, em maio***, para os festejos da fundação da cidade. Com essa idéia na cabeça, regressamos a Armação.

* Representante da Fábrica de Rendas ARP, de Nova Friburgo/RJ.
** A esposa de Alfred Luiz Baumgarten, que vive no RJ.
*** A data de chegada dos primeiros imigrantes austríacos é comemorada em 13/10. O texto parece se referir aos festejos da emancipação do município, ocorrida em 29/04/1963.

Fontes:
BAUMGARTEN, A. L. Missão cumprida. Blumenau: Ed. do autor, 1992.

segunda-feira, 1 de março de 2010

Joaçaba no "Almanaque do Vale"


No final de fevereiro tive uma supresa agradável: vi uma referência a Joaçaba estampada no "Almanaque do Vale", publicado diariamente na penúltima página do Jornal de Santa Catarina, aqui em Blumenau. A coluna é composta de diversas seções: "Há 30 anos no Santa", que retrata notícia publicada no passado, informações sobre os santos do dia e a respeito de eventos ocorridos naquele dia ao longo da história, frases que levam à reflexão, às vezes alguma anedota ou poesia que prestigia autores locais, e também a reproduzida acima, na qual é permitido ao leitor enviar uma fotografia do passado, como o fez a Sra. Fabiele Giovanella no dia 25 de fevereiro último, o do cinquentenário da morte do Frei Bruno. Nascido em 08 de setembro de 1876 em Düsseldorf, Alemanha, Humberto Linden, filho de Humberto Linden e Cecília Goelden, ainda jovem ingressou no noviciado dos Franciscanos da Saxônia em Harreveld, Holanda. Tomou o hábito em 13/03/1894. Tendo sido destinado à missão no Brasil, chegou à Bahia em 12/07 do mesmo ano. Terminou o noviciado em Salvador e fez a profissão solene a 15/05/1898. Estudou Filosofia e Teologia e foi ordenado sacerdote em Petrópolis em 10/05/1901. Em 1904 veio para Santa Catarina, onde serviu à igreja e aos irmãos em Gaspar e São José. Em 1917 foi transferido para Não-Me-Toque/RS. De volta a SC, passa os anos de 1926 até meados da década de 1940 em Rodeio. De lá é transferido para outro local, para em seguida se estabelecer em Xaxim, onde permaneceu até 1956. Chegou a Joaçaba em idade avançada, aos 80 anos, já fraco e doente. Foi a Luzerna com o objetivo de repousar e se preparar para a morte, mas decide retornar a Joaçaba, onde trabalhou até quase o fim dos seus dias. Em 03/07/1959 rezou sua última missa e em 25/10 do mesmo ano vai pela última vez a Luzerna, ainda em cumprimento à sua missão. Pouco menos de um mês mais tarde, em 20/11, foi encontrado desacordado. Recebeu atendimento médico e se recuperou, mas a 25/02/1960 se despediu da comunidade que hoje lhe tem por santo e se dedica à sua canonização. Desde 1987, sempre no último domingo de fevereiro, milhares de pessoas participam da romaria em sua homenagem. Em 30/11/2006 é encerrada a montagem do Monumento Frei Bruno, obra iniciada em janeiro de 2004. O monumento, com 37 m de altura, consta ser o terceiro mais alto do mundo, ficando atrás apenas do Cristo Redentor, no RJ, e da Estátua da Liberdade, em Nova Iorque, EUA, com 40 e 57 m de altura, respectivamente.

Fontes: http://www.freibruno.com.br/ e Jornal de Santa Catarina, Almanaque do Vale, 25/02/2010, p. 23.