segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

São Miguel do Oeste, Guaraciaba, Belmonte e Maravilha: um ano de luto por Isabella Fiorini, Thaís Zimmermann Darif, Bruna Karoline Occai e Marina de Jesus Nunes

Há precisamente um ano o Brasil vivia uma tragédia que causou uma dor imensurável. Perderam a vida, no incêndio ocorrido no interior da Boate Kiss, em Santa Maria/RS, 242 jovens. Mais do que jovens, eram filhos, irmãos, netos, sobrinhos, amigos e, quem sabe, até mesmo pais. O objetivo deste post é recordar, em caráter de solidariedade, as preciosas vidas perdidas naquela terrível madrugada de 27 de janeiro de 2013 e, de forma especial, das vidas catarinenses que deixaram a todos nós, de uma forma ou outra, órfãos de um pedaço do futuro.


Reproduzo a seguir a matéria veiculada pelo Jornal de Santa Catarina, edição de 28/01/2013:

Três catarinenses do Extremo-Oeste, que estudavam no Rio Grande do Sul, estão entre os jovens que morreram no incêndio na boate de Santa Maria

     As catarinenses Isabella Fiorini, 19 anos, Thaís Zimmermann Darif, 19, e Bruna Karoline Occai, 24, estavam entre as centenas de jovens que chegaram sábado à noite à boate Kiss, em Santa Maria, para se divertir. As três morreram no incêndio. Isabella, de São Miguel do Oeste, participava da recepção dos calouros de Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria. Às 7h de ontem, os pais dela souberam que a estudante estava no local no momento do incidente. No final da tarde, foram chamados para reconhecer o corpo.
     Os familiares de Isabella, no Extremo-Oeste catarinense, foram pegos de surpresa com a notícia, já que ela não costumava ir para baladas. O pai, Gilberto, junto com os primos da estudante, partiram para Santa Maria ontem de manhã a fim de tentar encontrá-la. Procuraram em todos os hospitais, sem sucesso. A esperança da família era de que a jovem estivesse internada na capital gaúcha. No fim da tarde, porém foram informados que o corpo aguardava ser reconhecido.
     A tia, Dione Fiorini, não consegue esquecer da imagem de Isabella como uma garota tranquila e bonita. A última vez em que ela viu a sobrinha foi no Natal: 
     - Ela estava feliz, cheia de vida.
     Isabella partiu no começo de janeiro para Santa Maria para recuperar as aulas perdidas no ano passado, com a greve dos professores. A estudante nasceu e cresceu em São Miguel do Oeste. Em 2011, mudou-se para Florianópolis para estudar e fazer cursinho. Após a confirmação de que concretizaria o sonho de cursar Medicina Veterinária na Universidade Federal de Santa Maria, no segundo semestre, foi morar no Rio Grande do Sul, junto com a amiga da cidade vizinha, Guaraciaba, Thaís Zimmermann Darif, aprovada no mesmo curso. As duas dividiam um apartamento e foram juntas à festa.
     Thaís, que sempre gostou de animais, também teve a morte confirmada no fim da tarde de ontem. Os pais dela moravam em Guaraciaba há 20 anos, onde montaram consultório odontológico. No início da tarde de ontem, sem notícias da filha, decidiram ir para Santa Maria. No fim da tarde, o pai, Rogério, estava na cidade para reconhecer o corpo da jovem.

Bruna Occai fazia mestrado

     Bruna Occai, de Belmonte, também no Oeste catarinense, fazia mestrado em Bioquímica Toxicológica no Rio Grande do Sul. Sábado, ligou para a mãe, Cleci, falando que iria numa festa com colegas da universidade.
     Bruna era o orgulho do avô, Gentil:
     - Ela sempre tirava o primeiro lugar, foi até dar curso no Rio de Janeiro. Como foi acontecer uma coisa dessas? - lamentou.

Na edição do dia seguinte, 29/01/2013, foi divulgado o nome de uma quarta catarinense vitimada pela tragédia: Marina de Jesus Nunes, natural do RS e residente em Maravilha. Segue a reprodução da matéria:



     Fogo, fumaça, negligência e imprudência consumiram os sonhos de quatro jovens catarinenses que foram veladas ontem no Extremo Oeste Catarinense. Familiares de três vítimas do incêndio na boate Kiss, de Santa Maria, se despediram de Bruna Karolina Occai, 24 anos, enterrada em Belmonte; Taís* Zimmermann Darif, 19, em Guaraciaba; e Marina de Jesus Nunes, 20, em Maravilha.
     O corpo da quarta vítima de Santa Catarina, Isabela* Fiorini, 19, foi levado no final da tarde de ontem para Caxias do Sul (RS) para ser cremada (sic!). A família está decidindo ainda em que local ficarão as cinzas.
    Nos velórios, amigos e familiares fizeram filas tentando levar algum conforto para os familiares. Um dos tios de Taís* chegou a passar mal e teve que ser levado para fora da igreja. A avó materna, Eledi Zimmermann, chegou de Santo Ângelo (RS) para se despedir da neta.
     - Ela era estudiosa e amorosa - lembrou.
     O pai de Bruna, Rogério Salla Darif, cobrou providência das autoridades.
     - Nosso pedido é por justiça - afirmou.
     O deputado federal Pedro Uczai, que é tio de Bruna Occai, disse que prender os donos da boate e da banda não resolve a situação.
     - Temos que nos antecipar às tragédias, com uma fiscalização mais rígida - colocou.
     Uczai ainda antecipou que, como deputado federal, vai trabalhar para tentar melhorar as leis sobre a segurança em shows. Ele afirmou ter presenciado muitas cenas tristes, que pareciam cenário de filmes de guerra. Viu os pais de Taís* e Isabella, que moravam juntas, se abraçarem e questionarem qual seria a razão que inverte a lógica natural da vida, na qual pais enterram os filhos.

     Nossa profunda solidariedade para com as famílias que perderam entes que lhes são tão caros. Que Deus conceda força e conforto a todos. E que seja feita justiça, com a punição dos responsáveis por esta desgraça. É o mínimo que o Estado pode fazer em respeito aos pais que perderam seus filhos na tragédia.

* Variação na grafia dos nomes em relação ao publicado no jornal em 28/01/2013.

Fonte: Jornal de Santa Catarina - edições de 28 e 29/01/2013.

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Joaçaba: Dez anos sem o cineasta Rogério Sganzerla

Há 10 anos falecia o cineasta joaçabense Rogério Sganzerla, ícone do chamado cinema marginal. A seção Lazer do Jornal de Santa Catarina, edição de 09/01/2014, dedicou espaço à memória deste importante artista catarinense. Abaixo, a reprodução da matéria.



     Seu nome é peça indispensável na história do cinema brasileiro e alguns de seus filmes aparecem entre as mais importantes produções cinematográficas do país, talvez do mundo. Na última década, teve seu trabalho exibido nos cinco continentes. Não é exagero afirmar que influenciou uma geração, desbravou fronteiras da sétima arte e se tornou uma das mais contundentes figuras do cinema independente, marginal e livre no Brasil. Dez anos após sua morte, Rogério Sganzerla vive na produção de novos cineastas e nas iniciativas que buscam resgatar sua rica obra, ainda pouco explorada.
     Nascido em Joaçaba em 1946, Sganzerla sinalizou desde cedo uma inclinação para o cinema. Ainda adolescente, aos 17 anos, mudou-se para São Paulo e passou a colaborar como crítico para o jornal O Estado de São Paulo. Sua primeira produção cinematográfica veio em 1966 com Documentário.
     Ainda no final dos anos 1960 lançou O Bandido da Luz Vermelha e A Mulher de Todos, seus dois filmes de maior sucesso e que lhe permitiram investir nas produções seguintes, cada vez mais transgressivas e radicais. Casando-se com a atriz Helena Ignez, considerada musa de seus filmes, formou uma das mais prolíficas parcerias do cinema brasileiro.


     - Rogério é a principal figura do cinema marginal, que é um cinema que não obedece regras. O preço dessa transgressão é uma outra margem: a do reconhecimento. A partir da filmografia dele, porém, se cria uma referência permanente. Ele deixou um exemplo de liberdade e coragem para os novos cineastas - afirma o professor dos cursos de Literatura e de Cinema da Universidade Federal de Santa Catarina, Jair Fonseca.
     Em 2006, Fonseca e um grupo de alunos de Cinema da UFSC inauguraram o cineclube universitário Rogério Sganzerla, dedicado a exibir filmes que o circuito comercial não contempla. Em 2010 o livro Edifício Sganzerla, organizado pela Editora da UFSC em parceria com o Itaú Cultural, trouxe ao público a compilação dos textos críticos publicados pelo então jovem Rogério no mais importante suplemento cultural do país, na década de 1960.
     Já em 2013 o curta-metragem documentário, produzido em Santa Catarina por Rafael Schlichting, revelou depoimentos de figuras como Arrigo Barnabé e Gilberto Gil sobre o cinema do catarinense. Essas três iniciativas estão entre as poucas que nos últimos 10 anos se voltaram para a obra de Sganzerla em seu Estado natal. Rogério Sganzerla morreu no dia 9 de janeiro de 2004, aos 48 anos* (sic!), em São Paulo.

* Nasceu em 26/11/1946. Ao falecer tinha, portanto, 58 anos de idade.

Texto: Fernanda Oliveira
Foto: Itaú Cultural/Divulgação
Fontes: Jornal de Santa Catarina - Caderno Lazer - 09/01/2014 
            www.pt.wikipedia.org/wiki/Rogério_Sganzerla

terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Saudades: "cidade inspiradora".

Em 27/06/2012 foi publicado no Caderno Lazer do Jornal de Santa Catarina, sob o título "Cidades inspiradoras - ficções são ambientadas em municípios com nomes inusitados", um texto divulgando o lançamento de um livro intitulado "Bem-Vindo - Histórias com as Cidades de Nomes Mais Bonitos e Misteriosos do Brasil". Organizada por Fabrício Carpinejar, a obra, de 126 páginas, foi publicada pela editora Bertrand Brasil e reúne dez histórias fictícias de autores brasileiros. Uma delas, que recebeu o título de 'Passos', de autoria de João Anzanello Carrascoza, é ambientada em Saudades.



Segue o texto publicado na matéria: "Algumas excentricidades do mapa brasileiro inspiraram o escritor Fabrício Carpinejar a fazer um convite a colegas das letras: criar histórias de ficção ambientadas naquelas cidades de belos e misteriosos nomes. O resultado está em Bem-vindo, coletânea de 10 autores que desbrava Saudades, Encruzilhada do Sul, Descalvado, Brejo da Madre de Deus, Milagres, Espera Feliz, Amparo, São José dos Ausentes, Brasília e Ouro Preto.

Quem assina o prefácio é o jornalista Roberto Pompeu de Toledo* - a partir de um texto dele, Carpinejar teve a ideia para o projeto. O poeta gaúcho pensou, então, no livro que gostaria de ler. Escalou seus contistas preferidos - Lygia Fagundes Telles e Sergio Faraco estão lá - e pediu que escolhessem os endereços para as suas tramas, não necessariamente relacionadas a seus Estados de origem.

Santa Catarina ganhou um capítulo. O paulista de Cravinhos, João Anzanello Carrascoza, foi convidado a aventurar no destino desconhecido: Saudades, no Oeste catarinense serviu não apenas de cenário para sua história. O conto Passos descreve a plenitude e a fugacidade do reencontro de um casal. "Para não me acostumar a tanta ternura - que depois eu iria desejar sempre, e sofreria por não tê-la -, afastei-me", registra o marido.

- O nome, bonito e misterioso, me desafiou a escrever algo que tivesse também a ver com a cidade. Estava dentro da perspectiva literária em que atuo, não fugi do meu trajeto: é o mundo das relações, o mundo familiar, as pessoas frente a frente - define Carrascoza.

Carpinejar consegue vislumbrar novos volumes com a mesma proposta. Trata-se de um livro, segundo o organizador, que nasce com fertilidade. Na prosa moderna, especialmente a partir da obra do americano William Faulkner, a cidade passa a ser um componente fundamental da literatura de ficção. Interage diretamente com os personagens a influencia os rumos da narrativa.

- É uma maneira de despertar a curiosidade do viajante. E todo leitor é um viajante."

* Um dos grandes jornalistas brasileiros da atualidade, colaborador de Veja, onde encanta os leitores a cada 15 dias com textos memoráveis na última folha da revista.

Fonte: Jornal de Santa Catarina - 27/06/2012 - Caderno Lazer - p. 3 - Texto: Larissa Roso - Fotografia: Raquel Heidrich.

quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Faxinal dos Guedes: momento de exposição nacional.

Não é rotineiro receber notícias de Faxinal dos Guedes e outros municípios do Oeste Catarinense na região do Vale do Itajaí. Quando isso ocorre, a maioria das notas diz respeito a acidentes graves, quebras de safras devido à estiagem, problemas com a exportação de carne, etc. Desta vez foi diferente, como vemos na edição de 30/11/2012 do Jornal de Santa Catarina. O município de Faxinal dos Guedes teve projeção nacional com a posse de um faxinalense como ministro do Supremo Tribunal Federal.





A tarde do dia 29/11/2012 ficará na história de Faxinal Guedes. Saudado por representantes do Congresso Nacional, da Esplanada dos Ministérios, das Forças Armadas e do Poder Judiciário, na ocasião tomou posse como ministro da mais alta Corte do país, o Supremo Tribunal Federal (STF), o faxinalense Teori Zavascki, ocupando a vaga deixada por Cezar Peluso.

A solenidade de posse de Teori Zavascki, indicado ao cargo pela presidente Dilma Rousseff, foi aberta pelo presidente do STF, Joaquim Barbosa, ao que seguiu a execução do Hino Nacional pela Banda dos Fuzileiros Navais de Brasília. Cumprindo o regimento do STF, o decano Celso de Mello e a até então caçula do colegiado, Rosa Weber, acompanharam o novo ministro até o púlpito, onde o magistrado prestou o juramento.


- Prometo, bem e fielmente, cumprir os deveres do cargo de ministro do Supremo Tribunal Federal em conformidade com a Constituição e as leis da República - disse.

Assinar o livro com o termo de posse fez de Teori Zavascki, 64 anos, o segundo catarinense a vestir a toga do STF - o primeiro foi Luiz Gallotti*. Após receber os cumprimentos dos novos colegas, sentou na poltrona que passa a ocupar, ao lado de Luiz Fux. Em seguida, no salão aos fundos do plenário, permaneceu por mais de duas horas recebendo felicitações de diversas autoridades.


A posse de Teori Zavascki mobilizou catarinenses de diversas regiões do país. Uma comitiva com 25 pessoas deixou Faxinal dos Guedes para assistir à posse em Brasília. Políticos, amigos, tios, primos e irmãos integraram o grupo que desfilou, sem disfarçar o justo orgulho, pelo Supremo Tribunal Federal. Quem não pode ir a Brasília acompanhou a cerimônia pela TV Justiça, como fez um grupo de amigos e familiares que vive em Cristalina, interior de Goiás.

Parlamentares catarinenses, como os senadores Casildo Maldaner (PMDB) e Paulo Bauer (PSDB), também prestigiaram o conterrâneo ilustre, assim como o governador Raimundo Colombo.

Mas foi com o afago da mãe que o mais novo ministro do STF se emocionou. Apoiada pela bengala, a quase centenária Pia Maria chegou aos braços do filho. Recebeu como retribuição o choro e o beijo do filho ilustre.



Aos 97 anos, Dona Pia deixou Faxinal dos Guedes, município de 10,6 mil habitantes no Oeste catarinense onde criou os sete filhos, para acompanhar do plenário do STF a posse de Teori, o filho que deixou a cidade natal com o desejo de ser padre e acabou assumindo a vaga deixada por Cezar Peluso na mais alta Corte do país.

* Ministro Luiz Gallotti: nasceu em Tijucas/SC aos 15 de agosto de 1904, foi nomeado em setembro de 1949 e permaneceu até agosto de 1974. Presidiu o tribunal de 1966 a 1969.

Adaptado de: Jornal de Santa Catarina - 30/11/2012 - Política - Supremo. Um catarinense no poder. p. 6 - Texto: Guilherme Mazui - Fotografias - na ordem em que aparecem: Antonio Carlos Mafalda/Divulgação e Carlos Humberto/Divulgação.

quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

São Miguel do Oeste: Belezas do Oeste - II

Além de Paraíso, a que dedicamos o post anterior, o caderno Viagem do Jornal de Santa Catarina de setembro de 2012 dedicou também espaço ao município de São Miguel do Oeste. A seguir, a reprodução do texto publicado pelo jornal.


"A quatro quilômetros do Centro, lá onde termina a rua pavimentada do Hospital Regional, há o acesso a uma história incrível. No coração da Linha Nereu Ramos, por onde só se chega em estrada de chão, a Gruta Nossa Senhora Aparecido tem virado, cada vez mais, ponto de visitação dos fiéis para fazer promessas e agradecer. É o milagre que foi creditado  à gruta, construída há 50 anos pelo agricultor Venturino Poletto, 78 anos, como forma de agradecer a cura dos graves ataques sofridos pela mulher Josefina. Os dois, até hoje, vivem ali em frente, em uma casa de madeira azul, cercada de obras de arte que Venturino aprendeu a esculpir em pedras e troncos de árvore. Se estiver com tempo, aproveite para ouvir as histórias deles.

No mais, não deixe de visitar o clássico. A Igreja Matriz São Miguel Arcanjo - que ilustra o post -, que se agiganta bem no meio da cidade e pode ser vista de qualquer lugar da cidade, é a maior em estrutura física de Santa Catarina - vitrais coloridos e iluminados pela luz do sol compõe suas paredes.

E há também a gruta - mais uma - mais famosa da cidade, a Nossa Senhora de Lourdes, onde está o jazigo do padre Aurélio Canzi, idealizador do local e primeiro pároco de São Miguel.

De mais novo, há o casal de colonos esculpido em tamanho real, o Monumento aos Pioneiros, instalado em um cruzamento da cidade há cerca de três meses."

Adaptado de: Jornal de Santa Catarina - Viagem - terça-feira, 4 de setembro de 2012 - p. 1 - Texto: Mariana Furlan - Foto: Charles Guerra.