Iniciamos nossas postagens com informações sobre a primeira fonte da qual lançaremos mão neste espaço: o Almanak* Laemmert. Publicado no Rio de Janeiro entre 1844 e 1889 pelos irmãos Eduard e Heinrich Laemmert, oriundos do então Grão-ducado de Baden, situado no sudoeste da Alemanha, é a mais antiga publicação do gênero no Brasil. Os irmãos Laemmert foram os pioneiros do mercado livreiro e tipográfico brasileiro e são os fundadores da Livraria Universal e da Tipografia Laemmert. Posteriormente, já proclamada a República, o almanaque passa à propriedade de Manoel José da Silva. O famoso almanaque é considerado instrumento indispensável de consulta para conhecimento do passado comercial, financeiro e social brasileiro do Século XIX e início do Século XX. Adquirimos esta raridade, um exemplar de 1918, numa livraria especializada em livros antigos de Curitiba/PR. A capa desta edição permite identificar a força do transporte ferroviário há quase 100 anos, em boa parte responsável pelo surgimento de diversos municípios da região meio-oeste e oeste de SC. "O Estado está cortado pela Estrada de Ferro S. Paulo-Rio Grande e pela de S. Francisco ao Iguassú, que, partindo de S. Francisco, estende-se pelo interior, em direcção á fronteira Argentina", informa o Almanak (p. 4174). O episódio que ficou conhecido como "Guerra do Contestado" e a questão de limites entre os Estados de Santa Catarina e Paraná, resolvida com a assinatura de um acordo em 1916, também fazem parte deste contexto. Sobre este último diz o Almanak: "Em virtude do accordo firmado em 20 de Outubro de 1916 entre os Presidentes dos Estados do Paraná e Santa Catharina, sanccionado pelas respectivas Assembleias Estadoaes, os limites entre os referidos Estados passaram a ser os seguintes: (...) No interior: o Rio Negro desde suas cabeceiras até sua foz no Rio Iguassú e por este até a ponte da Estrada de Ferro S. Paulo-Rio Grande; pelos eixos d'esta ponte e da mesma Estrada de Ferro até sua intercepção com o eixo da estrada de rodagem que actualmente liga a cidade de Porto União da Victoria á cidade de Palmas; pelo eixo da referida estrada de rodagem até seu encontro com o Rio Jangada; por este acima até suas cabeceiras e d'ahi em linha recta na direcção do meridiano até sua interpecção com a linha divisoria das aguas dos rios Iguassú e Uruguay e por esta linha divisoria das ditas aguas na direcção geral do oéste, até encontra a linha que liga ás cabeceiras dos rios Santo Antonio e Pepiriguassú, na fronteira Argentina" (loc. cit.). Os textos foram transcritos em seu formato original. A pujança da estrada de ferro há muito se foi, resultado de uma clara opção do Brasil pelo transporte rodoviário. Discussões referentes à retomada do transporte ferroviário como forma de integração do oeste com o litoral catarinense, especialmente com vistas ao escoamento de produtos para os portos visando sua colocação no mercado internacional, fazem parte da pauta do Governo Estadual há alguns anos. Enquando as coisas não saem do papel, permanece viva na lembrança de muitos a lembrança dos tempos em que os trens cortavam a região com regularidade. Para a satisfação de saudosistas e deleite de moradores e turistas, iniciativas como o passeio de Maria Fumaça promovido pela ABPF (Associação Brasileira de Preservação Ferroviária) entre os municípios de Piratuba/SC e Marcelino Ramos/RS, e o debate a respeito de outras em municípios localizados ao longo do leito da estrada de ferro, como Tangará, Pinheiro Preto, Videira e Herval d'Oeste, ajudam a dar vida à memória deste importante fator de desenvolvimento da região no passado e podem ser importantes para o desenvolvimento da atividade turística no presente.
* A capa da edição de 1918 utiliza a grafia "Almanack". Contudo, tanto outras edições quanto inúmeras páginas da edição de 1918 se referem à publicação com a grafia original "Almanak", utilizada desde o surgimento da publicação em 1844.
Fontes: Ministério da Cultura (www.cultura.gov.br) e Almanak Laemmert, edição de 1918.
Fontes: Ministério da Cultura (www.cultura.gov.br) e Almanak Laemmert, edição de 1918.
Wieland,
ResponderExcluirMeu grande amigo!
Não existe dívida, pois, na verdade, tivemos o privilégio de sua companhia, de seu carinho e, sobretudo, de sua COMPETÊNCIA.
Um dos meus sonhos é encontrar formas de fazer com que você possa se dedicar e fazer suas pesquisas e resgate de informações e dados históricos com todo o empenho que você costuma aplicar nas coisas que faz!
Claro que eu gostaria também que você conseguisse retorno financeiro com esta atividade, pois esse seu cuidado com o resgate imparcial da história faz a diferença para a nossa sociedade.
Parabéns e OBRIGADA por tudo o que você fez e contina fazendo por nós.
Com muito carinho,
Lu
Wieland
ResponderExcluirMeu querido amigo.
Parabéns pela iniciativa de elaborar este seu blog, que com certeza nos brindará com belas informaçoes.
Adalberto Day cientista social e pesquisador da história
Professor Wieland, quanta emoção ao ver este blog. A Luciana é merecedora disso, mas ela nos deu um grande presente, que foi a oportunidade de tê-lo como professor, e também amigo. Hoje posso falar que suas aulas, suas palavras, tudo o que veio e vem do senhor, só são ensinamentos para minha carreira e vida.
ResponderExcluirPor isso a cada dia que passa agradeço a Deus por colocar pessoas tão especiais em minha vida, como o senhor e a Luciana.
Tudo de bom em sua vida...saudades gigantes.
Sua ex aluna e agora amiga Alana Paz Padilha