quarta-feira, 18 de abril de 2012

Curitibanos: "Retratos do desenvolvimento" - 24/11/2011

Esta encerra o ciclo de postagens que reproduzem parcialmente o encarte "Retratos do desenvolvimento", veiculado originalmente nos jornais do Grupo RBS em Santa Catarina. É justo dedicar este espaço ao município de Curitibanos, por ter dado origem a Campos Novos e outros municípios, e assim sido berço de diversos municípios do Meio Oeste de Santa Catarina. Boa leitura!


          Curitibanos é um dos municípios de referência em Santa Catarina. Com uma população de cerca de 38 mil moradores, localiza-se no centro do Estado e tem ligação com as BRs 116, 282 e 470, pontos estratégicos de transporte de mercadorias.
          Primeiro núcleo populacional do Planalto Catarinense, Curitibanos nasceu como pouso de tropeiros sulinos que levavam gado do Sul para as capitanias do centro do país. Palco das revoluções Farroupilha e Federalista e também da famosa Guerra do Contestado, foi parcialmente destruída pelo fogo em 1914, incendiada por centenas de fiéis em um feroz protesto contra a ofensiva militar nas cidades santas, a República e a propriedade privada de terras.
          Renascida nas cinzas, conserva a vocação de bem acolher os turistas. De sua área original desmembraram-se os municípios de Santa Cecília, Lebon Régis, Ponte Alta, Campos Novos, Canoinhas e parte dos territórios de Fraiburgo, Caçador e Matos Costa.
          Parte desta história está guardada no museu Antônio Genemann de Sousa. O museu foi fundado em 1972, no antigo prédio da prefeitura. Os principais artigos e registros históricos encontrados lá são os da Guerra do Contestado. Ao lado fica localizada a Igreja Matriz Imaculada Conceição, com destaque para a pintura nas paredes e no teto.

          O crescimento da cidade de Curitibanos pode ser visto das partes mais altas do município. Da imagem feita em 1942, nada mais resta. Os poucos ranchos de madeira deram lugar a casas e edifícios residenciais. É o que se enxerga comparando do mesmo ângulo o antigo Morro do Hospital, hoje conhecido como Morro do Asilo.
          Além da importância histórica, Curitibanos tem muitas belezas naturais. Campos verdes, araucárias seculares e degraus de rocha basáltica formando saltos e cachoeiras nos rios da região, além de fazendas centenárias.

POLO MULTICULTURAL ATUAL

          Com boa infraestrutura urbana, Curitibanos conta com rede hoteleira de qualidade, além de bons restaurantes. Como os primeiros colonizadores foram os tropeiros vindos do Sul, as tradições gaúchas estão presentes no modo de vestir, no linguajar, nas cantigas e na alimentação. Mas a vinda dos imigrantes italianos, alemães e japoneses alterou os costumes e a economia, transformando a cidade em polo multicultural. Em setembro, a Semana Farroupilha revive as tradições gaúchas, com manifestações culturais. Um dos marcos é o Capão da Mortandade, lugar de um sangrento combate ocorrido em 1842, batizado com esse nome por causa do grande número de vítimas. Fala-se em 400. Em maio, a Expocentro realiza exposição agropecuária, industrial, comercial e de artesanato, com shows e bailes.

PLANO PARA SE DESENVOLVER

          A administração do município lançou recentemente o Plano Diretor de Desenvolvimento Socioeconômico para os próximos 20 anos, dando início ao Projeto Curitibanos 2031. O programa inclui quase 30 ações pontuais nas áreas de infraestrutura, saneamento, educação, saúde, lazer, esportes, indústria e comérco e bem-estar social. São obras e ações que, de acordo com o prefeito de Curitibanos, Wanderley Agostini, ao serem promovidas provocam uma "reação em cadeia" e repercutem em desenvolvimento em todos os setores, especialmente o social, com elevação da oferta de emprego e geração de renda.

População: 37.748 habitantes em 2010
Área: 952,285 km2
Quem nasce lá é... curitibanense
Emancipação: 11 de junho de 1869

Reportagem: Ângela Bastos, Melissa Bulegon e Paola Loewe.
Fotos históricas: Acervo do Instituto Histórico e Geográfico de Santa Catarina
Fotos atuais: Eduardo Cavalcanti, Felipe Carneiro e Alvarélio Kurossu.
Fonte: Retratos do desenvolvimento. Passado, presente e futuro das cidades catarinenses a partir de fotos históricas: Oeste , Meio-Oeste e Serra. Grupo RBS. Diário Catarinense, A Notícia e Jornal de Santa Catarina: 24/11/2011. p. 6-7.

domingo, 8 de abril de 2012

Lages: "Retratos do desenvolvimento" - 24/11/2011

Na postagem anterior comentamos o surgimento de vários municípios do Meio Oeste de Santa Catarina a partir de território que no passado pertenceu a Lages. O processo teve início com a criação do município de Curitibanos, que mais tarde deu origem ao de Campos Novos. Este, por sua vez, deu vida a outros municípios atualmente situados no Meio Oeste catarinense - vide postagem anterior.


           O cenário do Centro da cidade de Lages possibilita uma volta ao passado. Alguns de seus antigos prédios conservam ainda traços originais de décadas. Suas praças guardam monumentos que contam a história iniciada no começo do século 18, com a chegada dos primeiros europeus* que se fixaram no município. O povoamento dos "Campos de Lagens" decorreu da necessidade de se abrir caminho para atingir as campinas do Rio Grande do Sul, ricas em gado, o que despertava nos paulistas e mineiros a ambição de estabelecer intenso comércio com os estacieiros gaúchos.
          Parte desta história de crescimento e evolução de um dos principais municípios catarinenses é testemunhada pela Catedral Nossa Senhora dos Prazeres, feita de pedra-sabão e iniciada em 1912 pelos padres franciscanos. Foram 10 anos de obras de uma estrutura arquitetônica refletida em vitrais e que surpreende pela beleza e sentimento de solenidade que provoca em seus visitantes.
          Falar da Catedral de Lages é exaltar o trabalho desenvolvido pela Igreja Católica, especialmente a partir da criação da sua diocese. Até 1926, a Igreja em Santa Catarina encontrava-se organizada numa única diocese, a de Florianópolis.
         
         

     Devido à extensão geográfica e às necessidades pastorais, as primeiras dioceses desmembradas foram Joinville e Lages. Dom Daniel Hostin foi o primeiro bispo diocesano de Lages, seguido por Honorato Piazzera. Com a nomeação de dom Honorato, a Diocese de Lages não sofreu interrupção de continuidade. Seu episcopado foi marcado por sua bondade, simplicidade e diálogo constante. Faleceu em 1990 e seu corpo sepultado na cripta da Catedral Diocesana. Na sequência, assumiu dom Oneres Marchiori. Hoje, o comando está com dom Irineu Andreassa, nomeado bispo diocesano de Lages pelo Papa Bento XVI no dia 11 de novembro de 2009.


          A trajetória da Igreja em Lages tem se dado dentro de uma ação social. Isso decorre desde os primeiros tempos. Um pouco afastado da catedral, entre as ruas Correia Pinto e Nossa Senhora dos Prazeres, um prédio serve como símbolo deste engajamento. Popularmente chamado de Casa do Bispo, o prédio foi tombado e conserva parte do traçado com sua sacada, aberturas e portão de acesso. Ao lado, um edifício residencial com três andares. Um casarão antigo é vizinho do prédio que abrigou a Cáritas Diocesana. A rua ganhou asfalto, e a calçada, em lajotas, também está conservada.

POTENCIAL NO TURISMO RURAL
         
        Lages ficou conhecida pelas tradições na pecuária. Seus primeiros ciclos econômicos foram os do couro, da carne e da erva-mate. O município ainda tem o maior rebanho bovino do Estado, com cerca de 76 mil cabeças. O ciclo econômico da madeira teve seu auge entre 1950 e 1970. Para se ter uma ideia da importância desta matéria-prima, até Brasília, que surgia no final dos anos 1960**, foi moldada com madeira de Lages. Com o fim da exploração da madeira, a economia sofreu um revés. Uma das saídas foi o plantio de pinus.
          Lages possui infraestrutura moderna e um povo hospitaleiro, o que rendeu à cidade o título de Capital Nacional do Turismo Rural. As fazendas com taipas centenárias atraem visitantes, que usufruem o prazer da lida campeira. São comuns os eventos e festas, com destaque para o artesanato, folclore regionalista com suas danças, música e gastronomia.
          A influência dos imigrantes e de costumes de outros estados temperam a farta culinária regional. Lages é privilegiada pela natureza e pelo clima. As coxilhas despontam como um potencial turístico fundamental ao turismo no meio rural.
          A mata de araucária é a vegetação predominante na Serra Catarinense. A floresta de araucária é frequentemente entrecortada por extensas áreas de pastagens nativas. O relevo é constituído de um planalto de superfícies planas, onduladas e montanhosas.

FUTURO PASSA PELO EMPREGO
         
          O desenvolvimento econômico de Lages passa pela geração de novos postos de trabalho. A realidade atual de desemprego é enfrentada por muitos lageanos, com isso, a necessidade de expansão, aumento de produção e de exportação de empresas, como a Vossko, companhia alemã fundada em 2003, com a meta de produzir artigos de frango cozido para o atacado e supermercados, assim como produtos especiais, para o processamento industrial.
          O município investe em infraestrutura, como a reforma e revitalização geral do Terminal de Passageiros do Aeroporto Federal Antônio Correia Pinto de Macedo. O governo assumiu a reforma da pista, e a prefeitura ficou responsável pela parte do terminal de passageiros e pelo saguão do aeroporto.
          Recentemente, Lages recebeu o Certificado da Campanha Mundial de Redução de Desastres, organizada pela UNO. Com a certificação, a cidade fica credenciada a encaminhar projetos diretamente para a ONU. A Campanha Estratégia Internacional para Redução de Desastres (EIRD/ONU) se pauta na crescente urbanização mundial e nos problemas decorrentes de uma ocupação desordenada, em contraponto à necessidade de prever riscos e criar ferramentas de adaptação. O plano quer utilizar a habilidade de uma comunidade exposta a riscos, resistir, absorver, acomodar-se e reagir.

População: 156.727 habitantes em 2010
Área: 2.629, 789 km2
Quem nasce lá é ... lageano
Emancipação: 25 de maio de 1860


* Antônio Correia Pinto de Macedo, mais conhecido por Correia Pinto, foi o desbravador que iniciou, em 1766, a povoação que daria origem a Lages. No entanto, a impropriedade do terreno fez com que mudasse três vezes seu local de fundação. Declarou fundada a Vila de Nossa Senhora dos Prazeres das Lagens em 22/05/1771.

** O correto é "no final dos anos 1950".

Reportagem: Ângela Bastos, Melissa Bulegon e Paola Loewe.
Fotos históricas: Acervo do Instituto Histórico e Geográfico de Santa Catarina
Fotos atuais: Eduardo Cavalcanti, Felipe Carneiro e Alvarélio Kurossu.

Fonte: Retratos do desenvolvimento. Passado, presente e futuro das cidades catarinenses a partir de fotos históricas: Oeste , Meio-Oeste e Serra. Grupo RBS. Diário Catarinense, A Notícia e Jornal de Santa Catarina: 24/11/2011. p. 6-7.




segunda-feira, 2 de abril de 2012

Lages: Os primórdios do Meio Oeste de Santa Catarina

Vasculhar o passado leva a descobertas interessantes. Ao longo da divulgação dos textos do encarte "Retratos do desenvolvimento", nos demos conta de que alguns municípios do Meio Oeste de Santa Catarina têm sua origem em território que no passado pertenceu a Lages, na Serra Catarinense.

Lages no passado
A relação de Lages com o Meio Oeste teve início com a criação do município de Curitibanos, do qual, posteriormente, teve origem o de Campos Novos. Deste último, como se verá, originaram-se outros que hoje se situam no Meio Oeste. Por este motivo, em breve dedicaremos também a Lages e Curitibanos seu merecido espaço na divulgação dos "Retratos do desenvolvimento".

           Lages deu origem ao município de Curitibanos, criado pela Lei No. 635 de 11/06/1869.

          Curitibanos contribuiu para o surgimento de diversos municípios, mas à presente abordagem bastam as menções a Campos Novos, criado pela Lei No. 923 de 30/03/1881, e Fraiburgo, criado pela Lei No. 797 de 20/12/1961.

          Campos Novos, por sua vez, deu origem a Caçador, criado pela Lei No. 508 de 22/02/1934, Capinzal e Piratuba, criados pela Lei No. 247 de 30/12/1948, e Erval Velho, criado pela Lei No. 889 de 18/06/1963.

          Caçador, posteriormente, daria origem aos municípios de Videira, criado pela Lei No. 941 de 31/12/1943, e Rio das Antas, criado pela Lei No. 348 de 21/11/1958.

          Capinzal deu sequência ao processo, dando origem ao município de Ouro, criado pela Lei No. 870 de 21/01/1963.

          Piratuba contribuiu com a criação de Peritiba, pela Lei No. 887 de 14/06/1963, e Ipira, pela Lei No. 888 da mesma data.

           Ouro deu origem a Dois Irmãos, criado pela Lei No. 931 de 11/11/1963, e na mesma data, a Lacerdópolis, criado Lei No. 932. Pela Lei No. 1037 de 29/12/1965, o município de Dois Irmãos teve seu nome alterado para Presidente Castello Branco.

          Videira originou Tangará, criado pela Lei No. 247 de 30/12/1948, Salto Veloso, criado pela Lei No. 782 de 15/12/1961, Arroio Trinta, criado na mesma data pela Lei No. 783 e Pinheiro Preto, criado pela Lei No. 817 em 04/04/1962.

          Tangará deu origem a Mararí, criado pela Lei No. 879 de 05/04/1963. No entanto, a emancipação do antigo distrito foi considerada inconstitucional em decisão do Supremo Tribunal Federal de 22/10/1964, o que levou à suspensão da criação do Município de Mararí, pela Resolução No. 53 de 20/05/1965 do Senado Federal.

          A origem de diversos destes municípios aparece de forma simplificada, reduzida à lei que os criou. No entanto, sua história é mais complexa, pois, ao longo do histórico de sua povoação, podem ter, ainda que parcialmente, pertencido, na forma de distritos ou de pequenas localidades, a outros municípios. Ressalvamos que é possível que novos municípios tenham sido criados posteriormente a partir dos já citados, em processos de emancipação político-administrativa ocorridos nas últimas décadas, mas entendemos ser o acima exposto suficiente para demonstrar o papel de Lages e Curitibanos na formação geopolítica do Meio Oeste catarinense.

Fonte: CABRAL, Oswaldo R. História de Santa Catarina. Florianópolis: Lunardelli, 1987.
Imagem: acervo do IBGE.