Na postagem anterior comentamos o surgimento de vários municípios do Meio Oeste de Santa Catarina a partir de território que no passado pertenceu a Lages. O processo teve início com a criação do município de Curitibanos, que mais tarde deu origem ao de Campos Novos. Este, por sua vez, deu vida a outros municípios atualmente situados no Meio Oeste catarinense - vide postagem anterior.
O cenário do Centro da cidade de Lages possibilita uma volta ao passado. Alguns de seus antigos prédios conservam ainda traços originais de décadas. Suas praças guardam monumentos que contam a história iniciada no começo do século 18, com a chegada dos primeiros europeus* que se fixaram no município. O povoamento dos "Campos de Lagens" decorreu da necessidade de se abrir caminho para atingir as campinas do Rio Grande do Sul, ricas em gado, o que despertava nos paulistas e mineiros a ambição de estabelecer intenso comércio com os estacieiros gaúchos.
Parte desta história de crescimento e evolução de um dos principais municípios catarinenses é testemunhada pela Catedral Nossa Senhora dos Prazeres, feita de pedra-sabão e iniciada em 1912 pelos padres franciscanos. Foram 10 anos de obras de uma estrutura arquitetônica refletida em vitrais e que surpreende pela beleza e sentimento de solenidade que provoca em seus visitantes.
Falar da Catedral de Lages é exaltar o trabalho desenvolvido pela Igreja Católica, especialmente a partir da criação da sua diocese. Até 1926, a Igreja em Santa Catarina encontrava-se organizada numa única diocese, a de Florianópolis.
Devido à extensão geográfica e às necessidades pastorais, as primeiras dioceses desmembradas foram Joinville e Lages. Dom Daniel Hostin foi o primeiro bispo diocesano de Lages, seguido por Honorato Piazzera. Com a nomeação de dom Honorato, a Diocese de Lages não sofreu interrupção de continuidade. Seu episcopado foi marcado por sua bondade, simplicidade e diálogo constante. Faleceu em 1990 e seu corpo sepultado na cripta da Catedral Diocesana. Na sequência, assumiu dom Oneres Marchiori. Hoje, o comando está com dom Irineu Andreassa, nomeado bispo diocesano de Lages pelo Papa Bento XVI no dia 11 de novembro de 2009.
A trajetória da Igreja em Lages tem se dado dentro de uma ação social. Isso decorre desde os primeiros tempos. Um pouco afastado da catedral, entre as ruas Correia Pinto e Nossa Senhora dos Prazeres, um prédio serve como símbolo deste engajamento. Popularmente chamado de Casa do Bispo, o prédio foi tombado e conserva parte do traçado com sua sacada, aberturas e portão de acesso. Ao lado, um edifício residencial com três andares. Um casarão antigo é vizinho do prédio que abrigou a Cáritas Diocesana. A rua ganhou asfalto, e a calçada, em lajotas, também está conservada.
POTENCIAL NO TURISMO RURAL
Lages ficou conhecida pelas tradições na pecuária. Seus primeiros ciclos econômicos foram os do couro, da carne e da erva-mate. O município ainda tem o maior rebanho bovino do Estado, com cerca de 76 mil cabeças. O ciclo econômico da madeira teve seu auge entre 1950 e 1970. Para se ter uma ideia da importância desta matéria-prima, até Brasília, que surgia no final dos anos 1960**, foi moldada com madeira de Lages. Com o fim da exploração da madeira, a economia sofreu um revés. Uma das saídas foi o plantio de pinus.
Lages possui infraestrutura moderna e um povo hospitaleiro, o que rendeu à cidade o título de Capital Nacional do Turismo Rural. As fazendas com taipas centenárias atraem visitantes, que usufruem o prazer da lida campeira. São comuns os eventos e festas, com destaque para o artesanato, folclore regionalista com suas danças, música e gastronomia.
A influência dos imigrantes e de costumes de outros estados temperam a farta culinária regional. Lages é privilegiada pela natureza e pelo clima. As coxilhas despontam como um potencial turístico fundamental ao turismo no meio rural.
A mata de araucária é a vegetação predominante na Serra Catarinense. A floresta de araucária é frequentemente entrecortada por extensas áreas de pastagens nativas. O relevo é constituído de um planalto de superfícies planas, onduladas e montanhosas.
FUTURO PASSA PELO EMPREGO
O desenvolvimento econômico de Lages passa pela geração de novos postos de trabalho. A realidade atual de desemprego é enfrentada por muitos lageanos, com isso, a necessidade de expansão, aumento de produção e de exportação de empresas, como a Vossko, companhia alemã fundada em 2003, com a meta de produzir artigos de frango cozido para o atacado e supermercados, assim como produtos especiais, para o processamento industrial.
O município investe em infraestrutura, como a reforma e revitalização geral do Terminal de Passageiros do Aeroporto Federal Antônio Correia Pinto de Macedo. O governo assumiu a reforma da pista, e a prefeitura ficou responsável pela parte do terminal de passageiros e pelo saguão do aeroporto.
Recentemente, Lages recebeu o Certificado da Campanha Mundial de Redução de Desastres, organizada pela UNO. Com a certificação, a cidade fica credenciada a encaminhar projetos diretamente para a ONU. A Campanha Estratégia Internacional para Redução de Desastres (EIRD/ONU) se pauta na crescente urbanização mundial e nos problemas decorrentes de uma ocupação desordenada, em contraponto à necessidade de prever riscos e criar ferramentas de adaptação. O plano quer utilizar a habilidade de uma comunidade exposta a riscos, resistir, absorver, acomodar-se e reagir.
População: 156.727 habitantes em 2010
Área: 2.629, 789 km2
Quem nasce lá é ... lageano
Emancipação: 25 de maio de 1860
* Antônio Correia Pinto de Macedo, mais conhecido por Correia Pinto, foi o desbravador que iniciou, em 1766, a povoação que daria origem a Lages. No entanto, a impropriedade do terreno fez com que mudasse três vezes seu local de fundação. Declarou fundada a Vila de Nossa Senhora dos Prazeres das Lagens em 22/05/1771.
** O correto é "no final dos anos 1950".
Reportagem: Ângela Bastos, Melissa Bulegon e
Paola Loewe.
Fotos históricas: Acervo do Instituto
Histórico e Geográfico de Santa Catarina
Fotos atuais: Eduardo Cavalcanti, Felipe Carneiro e Alvarélio Kurossu.
Fotos atuais: Eduardo Cavalcanti, Felipe Carneiro e Alvarélio Kurossu.
Fonte: Retratos do desenvolvimento.
Passado, presente e futuro das cidades catarinenses a partir de fotos
históricas: Oeste , Meio-Oeste e Serra. Grupo RBS. Diário Catarinense, A Notícia
e Jornal de Santa Catarina: 24/11/2011. p. 6-7.
Wieland
ResponderExcluirParabéns por nos apresentar mais esta bela postagem sobre a cidade serrana de Lages. Terra que já nos deu um presidente da república e o atual governador.
Uma bela reportagem de Ângela Bastos, Melissa Bulegon e Paola Loewe.
Com Fotos históricas do Acervo do Instituto Histórico e Geográfico de Santa Catarina
e atuais de Eduardo Cavalcanti, Felipe Carneiro e Alvarélio Kurossu.
E as fontes para esta postagem: Retratos do desenvolvimento. Passado, presente e futuro das cidades catarinenses a partir de fotos históricas: Oeste , Meio-Oeste e Serra. Grupo RBS. Diário Catarinense, A Notícia e Jornal de Santa Catarina: 24/11/2011.
Claro que suas intervenções e apimentar ainda mais, ficaram ainda melhor.
Toda bela história aqui relatada, mostra em sua história, a evolução dessa bela cidade.
As fotos e fatos históricos, são ricos como a região serrana se apresenta.
O potencial de Lages, na minha opinião, começa a aparecer, porém pela sua grandeza, este município poderia ser provido de muitas industrias de todos os ramos, para melhor aproveitar a mão de obra dos lageanos e região.
Ser conhecida e reconhecida como a Capital Nacional do Turismo Rural, mostra sua potencialidade que aos poucos estão sendo apresentadas a todo Brasil.
Esperamos que o atual governador, por ser de Lages, possa desenvolver um trabalho de maior crescimento e desenvolvimento ao município de Lages.
Parabéns ao professor Wieland, e aos cidadãos lageanos.
Adalberto Day cientista social e pesquisador da história em Blumenau