O município de Timbó Grande, no Planalto Norte Catarinense, faz parte do território que compreendeu a Guerra do Contestado (1912-1916) e é um dos mais pobres do Estado. Conforme mostra a reportagem do Jornal de Santa Catarina a seguir, publicada em 23/06/2015, o governo estuda formas de melhorar as condições de vida das pessoas do município.
NA ÁREA RURAL Cidade de Timbó Grande, no Planalto Norte, está entre os seis municípios com pior Índice de Desenvolvimento Humano do Estado, apesar de avançar e sair da última colocação
O governo de Santa Catarina promete um diagnóstico detalhado para alcançar as pessoas que vivem em condição de extrema pobreza no Estado. Com isso, quer enfrentar um problema que estaria dificultando a realização do que propôs o Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea), em 2012, de se tornar a primeira unidade da federação a banir a miséria do território. O recorte de renda considerado abaixo da linha da pobreza é de R$ 87, no Estado, e cerca de 126 mil famílias catarinenses ainda estão nesse universo invisível. No país, o valor calculado é de R$ 77.
Nessa condição estão pessoas que vivem nas periferias das cidades e também na área rural, distantes das estatísticas oficiais. Uma delas, a formada por Iracema, Dirceu Canofre de Campos e seus 14 filhos, moradores de Timbó Grande.
- Queremos saber quem é, por que chegou nesta condição, onde ele está e quais as ações do governo são necessárias fazer para que ele supere essa condição - diz Angela Albino, secretária de Estado da Assistência, Trabalho e Habitação.
Para a secretária, trata-se de um projeto de Estado e não só de governo. Nesta batalha, a principal frente será o Programa Santa Renda, que para 2015 tem um orçamento de R$ 12 milhões, voltado a ações na área social.
- Nós temos dois focos territoriais muito claros: a serra catarinense, que tem uma concentração grande de municípios com maior número de pessoas empobrecidas, e no entorno do município de Xanxerê, no Oeste do Estado, que tem ao redor uma região com concentração territorial muito significativa.
SITUAÇÃO DA CIDADE MELHORA, MAS NÃO É A IDEAL
Mesmo com os investimentos prometidos, a situação econômica e social de muitos catarinenses ainda é de desvantagem.
- Nós não gostaríamos que fosse, mas o Bolsa Família é o principal fator de melhoria da qualidade de vida do povo de Timbó Grande - avalia o prefeito Almir Fernandes (PT) com base em pequenas evoluções no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) e no Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) obtidos nos últimos anos.
No primeiro caso, o município deixou a pior colocação do Estado, ainda que permaneça entre as seis últimas envolvendo 295 municípios catarinenses. Com relação ao Ideb de 2013, Timbó Grande esteve a 1,3 da média nacional e hoje está a 0,2.
Mas o prefeito ainda reconhece como ruim a situação do município, que diz ter assumido com uma dívida de R$ 9,6 milhões entre Fundo de Previdência e precatórios. No ano passado, houve bloqueio de contas da prefeitura, o que obrigou o parcelamento das dívidas. A determinação, explica, é manter as contas em dia para que o município não perca os convênios que resultaram na aquisição de maquinário. Os equipamentos servem para obras na cidade e melhorias nas estradas. Alguns também são disponibilizados para os agricultores, que não têm recursos para arcar com os custos de dragas e tratores. Para Almir, isso se reflete na melhora da produção agrícola.
O prefeito também considera que iniciativas como compra de 30% dos produtos da merenda escolar direto dos pequenos agricultores ajudam a melhoria da vida das pessoas. Na cidade, o Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pane) atinge a 1,4 alunos. Ano passado o governo federal repassou R$ 126,8 mil para a compra de merenda em Timbó Grande. Mas a produção dos agricultores não atingiu 30% do valor repassado pela União.
Fonte: Jornal de Santa Catarina - Sua vida - 23/06/2015 - p. 19
Texto: Ângela Bastos
Imagem: Charles Guerra