O Shopping Pátio Chapecó foi citado em reportagem da Revista Veja de 29/08/2012, que trata do crescimento da quantidade de shopping centers em pequenas e médias cidades, e de como estes modificam os hábitos de consumo e lazer da população.
PERTO DE CASA As catarinenses Flávia Sell, nutricionista, e Josiani Favero, arquiteta, visitam semanalmente o primeiro shopping de Chapecó. Até outubro do ano passado, o centro comercial mais próximo ficava a 330 quilômetros de distância, em Lages
O número de shopping centers em cidades do interior superará, pela primeira vez, o dos grandes centros urbanos. Até o fim deste ano*, segundo previsão da Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce), haverá 230 unidades em funcionamento nas capitais e duas a mais no restante do país. O dado reflete o aumento mais acentuado da renda no interior, que tem recebido investimentos em agronegócio e mineração e indústrias interessadas em reduzir custos com infraestrutura e mão de obra. Metade do poder de consumo nacional atualmente está concentrada em cidades com menos de 300000 habitantes, segundo estudo da consultoria Bain & Company. Até fim deste ano, estima-se que dezesseis shoppings serão inaugurados no interior. Em 2013 serão 29. Trata-se de um fenômeno de origem econômica, mas com grandes repercussões sociais. Para muitos moradores, a história de seu município terá um novo marco temporal: antes e depois do shopping.
Em Chapecó, em Santa Catarina, os encontros de fim de semana tradicionalmente eram em casas de amigos e familiares, ocasiões em que se comia churrasco e bebia chimarrão. Desde outubro do ano passado**, o mate é degustado nos corredores de um shopping e a carne assada enfrenta a concorrência de restaurantes chineses, japoneses, italianos e de redes de fast-food. Chapecó tem 200000 habitantes, o dobro do que é considerada a população mínima para receber um shopping - pela definição oficial: um centro comercial com administração independente, mais de 5000 metros quadrados de área locável e, na maioria das vezes, estacionamento. Antes da inauguração do Pátio Chapecó, para fazer compras era preciso ir às lojas de rua, abertas apenas em horário comercial, ou viajar 330 quilômetros até o shopping mais próximo, em Lages. O empreendimento facilitou a vida não apenas dos chapecoenses como também a dos moradores de oitenta municípios próximos. "Eu costumava gastar horas rodando a cidade em busca do que precisava", diz a nutricionista Flávia Sell, de 34 anos. "Hoje resolvo tudo em um só lugar."
O público do interior gosta de shoppings pelos mesmíssimos motivos que o das capitais: eles são mais seguros, mais práticos e, em geral, mais agradáveis do que as lojas de rua. Mas a versão interiorana do negócio costuma exigir algumas adaptações. Uma diferença está nas praças de alimentação. No interior, os restaurantes não podem ser apenas um lugar para fazer uma refeição prática e rápida, cheio de clientes com crachá no pescoço preocupados em retornar ao trabalho. "Nas cidades menores, as praças de alimentação tornam-se um local de lazer. As pessoas gostam de se sentar e apreciar um chope sem pressa", diz Rodrigo Perri, sócio-diretor da rede de fast-food Vivenda do Camarão. Por isso, há mais restaurantes de shoppings de interior com garçons do que nas capitais. Nos cinemas, as cópias são quase sempre dubladas, para atender ao costume de um público que antes só assistia filmes pela televisão. Outra diferença é que as escadas rolantes são raras. Isso porque, como o preço do metro quadrado fora dos grandes centros urbanos costuma ser baixo, as construções pode se dar ao luxo de ser mais horizontais.
Para saber se um município tem potencial para ganhar um shopping, levam-se em conta o tamanho e a capacidade de compra da população da região. Parauapebas, no interior do Pará, por exemplo, tem habitantes ávidos por consumo por causa dos elevados investimentos da Vale e de dezenas de empresas que prestam serviço à mineradora. O município, conhecido como "dormitório dos funcionários da Vale", ganhou o primeiro shopping no ano passado, o Unique, com 126 lojas. "Nossa expectativa era receber 180000 pessoas por mês, mas a média de visitas tem sido de 300000", diz o economista Dario Noronha, sócio da Urbia, desenvolvedora e administradora do shopping, que já tem um plano de expansão para 2013.
Por ser um setor que dá um retorno rápido aos investimentos, não faltam crédito nem incentivos extras para os novos shoppings. Nas capitais paulista e fluminense, a demora para obter licença de operação, por exemplo, é de três anos. No interior, seis meses. Muitos prefeitos também abrem mão de taxas municipais. EM contrapartida, ganham com a geração de empregos e a valorização imobiliária. "Chapecó ficou mais cosmopolita com o shopping", comemora o prefeito José Caramori.
*Refere-se ao ano de 2012.
**Refere-se ao ano de 2011.
Fonte: Revista Veja - Negócios - 29/08/2012 - p. 104-5
Texto: Tatiana Gianini
Imagem: Luiz Maximiano
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