"Mecê não pense que aqui tudo é mato", adverte a frase no verso da fotografia acima, garimpada num site de colecionismo. Datando de novembro de 1961, mostra o "Coração de Xanxerê", a Rua Coronel Passos Maia, no momento em que esta passava por importante processo de urbanização. Hoje a paisagem é outra. O calçamento deu lugar à pavimentação asfáltica e muitas das construções foram demolidas para dar lugar a outras. Apesar disso, hoje há mais "mato" do que naqueles tempos, com a arborização do passeio do lado esquerdo da rua. Acompanhar a evolução da paisagem urbana contribui para a preservação da memória das cidades e é este o propósito desta postagem. Iniciamos com o lado esquerdo da imagem, que em primeiro plano mostra uma construção de madeira com a inscrição "Casa Herrmann". Consta ter pertencido a um empreendimento de beneficiamento de madeira ou moveleiro. Ao lado desta aparece uma árvore, aparentemente plantada em terreno ainda baldio. Estes espaços atualmente são ocupados pelas novas edificações que abrigam a "Farmácia São Rafael" (No. 802) e a loja "Papelândia Brinquedos e Confecções" (No. 788). Imediatamente antes destas, no mesmo prédio da "Farmácia São Rafael", existe ainda a loja "Maxi Bazar de Utilidades" (No. 810), junto à esquina com a Rua Avenida Brasil", omitida pela fotografia. Em seguida aparece um pequeno edifício térreo em cuja tabuleta se lê "Fotógrafo - Musskopf". Trata-se do negócio do autor da fotografia, Alfredo G. Musskopf. Neste lugar hoje existe o prédio da loja "Essência Cosméticos e Salão de Beleza" (No. 780). Mais adiante aparece a edificação da antiga "Casa Paulista", demolida para dar lugar ao edifício onde atualmente encontramos a loja do ramo de decoração "Kazo A Kazo" (No. 768). A próxima construção, com uma sacada no piso superior, resistiu ao tempo e abriga a "Farmácia Santo Antônio" (No. 759) e a loja "Akakia Cosméticos" (No. 756). Entre esta e a próxima construção, que igualmente ainda existe, há um espaço aparentemente vazio, onde existiu, com recuo em relação à calçada, a filial de uma loja de tecidos de São Paulo, a "Casas Eduardo". Atualmente existe ali o prédio no qual estão localizadas as empresas "Panda Confecções" (No. 740) e "Cyber Space - Internet" (No. 730). Em seguida aparece o edificío mais alto, também ainda existente, no qual encontramos a loja "Bimbo Fios e Artesanato" (No. 726). Logo depois pode-se identificar uma pequana placa oval com a inscrição "Esso", que remete ao posto de gasolina que existiu ali, ocupando a esquina das ruas Coronel Passos Maia e Olavo Bilac. A antiga construção que abrigou o posto também ainda existe. Na parte que dá para a Coronel Passos Maia hoje encontramos a loja "Bazar das Festas" (No. 712), e na que dá para a Olavo Bilac está a sorveteria e lanchonete "Bistrô" (No. 49). Uma pracinha ocupa o lugar na frente do antigo posto, que já pertenceu a um chafariz. O prédio que se vê ao fundo também ainda existe. Conhecido como "Prédio da Volks", abriga a concessionária da Volkswagen "Auto Xanxerê" (No. 56 da Rua José Miranda Ramos). Passemos para o lado direito da rua: a primeira construção, de cor escura, já não existe. Atualmente está ali um novo edifício, que abriga a "Relojoaria e Ótica Confiança" (No. 735). No espaço existente entre esta e a próxima edificação visível estão o "Clube Cultural e Recreativo Xanxerê" e o "Restaurante O Costelão" (No. 713). O próximo prédio, de cor clara, abrigava as "Lojas Renner". Foi demolido para dar lugar ao moderno edifício da família Bortoluzzi no qual estão instalados o "SESC - Serviço Social do Comércio" e o "Cantinho do Sorvete" (No. 691). Na continuação, cruzando a Avenida La Salle, hoje temos diversos estabelecimentos comerciais: "América Móveis", "Wustro e Wustro - Produtos de Limpeza", "Cheia de Charme", "Farmácia Preço Popular", "Anjo Móveis", "Magazine Luiza", etc. A fotografia eterniza o olhar do fotógrafo, permitindo que este compartilhe o que viu com gerações que sequer o conheceram. Contribui, assim, com a preservação da memória do lugar e do momento histórico registrados por seu autor. Preserve e dê voz às imagens do passado da sua família e da sua cidade. Elas têm muito a dizer à atual e às futuras gerações. Agradeço aos moradores de Xanxerê que gentilmente me receberam durante a pesquisa, e de forma especial à Márcia, da Prefeitura Municipal de Xanxerê, que me apoiou "preparando o terreno" para as entrevistas.
Tive o privilégio de me dedicar à atividade docente no Curso de Turismo e Administração Hoteleira da UNOESC de Joaçaba de março de 2002 a julho de 2006, e no MBA Geração e Operação de Negócios Internacionais do campus de Chapecó em 2008, 2009 e 2012. Colaborar com a preservação da memória da região onde vivem meus alunos, colegas professores e tantos outros que hoje são meus amigos, é a maneira que encontrei para agradecer a hospitalidade com que todos me receberam em sua terra.
Wieland
ResponderExcluirUma raridade daqueles de dar água na boca. Desde a foto maravilhosa, momento impar, a frase alertando que em tudo é mato. Mostra a preocupação de quem deixou registrado querendo mostrar que por lá também o progresso se aproxima...
A foto nos trás a bela recordação de ma Xanxerê, linda para aqueles dias do registro da foto. Como é bom para nos historiadores, pesquisadores, estar de posse ou apenas vendo um registro maravilhoso que o tempo nos trás a lembrança.
Adalberto Day cientista social e pesquisador da história em Blumenau
Adalberto, quem conjuga a história de qualquer coisa que tenha sido vivenciado na alma das pessoas, é um fator de inteligência acima dos padrões normais.Registrar os feitos humanos, principalmente aqueles épicos, é algo sublime.
ExcluirMorei quase 10 anos em Xanxerê, nos anos 90. Uma cidade ótima pra se morar. Compartilhei com muitos pioneiros que fizeram dela um portento do agronegócio. Ela teria tudo hoje para ser um novo pólo de desenvolvimento, face à sua topografia bem conjugada. As histórias dos "antigamente" são verdadeiras pérolas aos ouvidos daqueles que gostam de aventuras e odisseias.
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