segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Porto União: Almanak Laemmert - 1918

Reproduzimos dados referentes ao município de Porto União publicados em 1918 no Almanak Laemmert. São poucas informações, pois, como explica a publicação, o município não forneceu os dados solicitados pela mesma. Ainda assim, nos dizem alguma coisa sobre o município naquele tempo.


Porto União - primeiras décadas do século XX

PORTO UNIÃO

     Municipio e comarca do mesmo nome. Antigo União da Victoria que, em virtude do accordo de limites entre os Estados do Paraná e Santa Catharina, ficou pertencendo a este ultimo Estado.
     Tem sob a sua jurisdicção os termos de S. João do Triumpho e S. Matheus, os districtos judiciarios de S. João dos Pobres e Villa Nova do Timbó. As terras do municipio são das mais ferteis do Estado. É atravessado pela E. de Ferro de Marcellino Ramos a Itararé, da Brasil Railway Company.
     O municipio tem 12.000 habitantes com 500 eleitores.

NOTA. - Não recebemos as informações solicitadas ao dignissimo intendente municipal.

Fonte: Almanak Laemmert - 74° Anno - 2° Volume - Estados - 1918 - p. 4205.
Imagem: www.ondeficaportouniao.blogspot.com.br

segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Lages: Almanak Laemmert - 1918

Seguem dados referentes ao município de Lages publicados em 1918 no Almanak Laemmert. São poucas informações, pois, como explica a publicação, o município não forneceu os dados solicitados pela mesma. Ainda assim, nos dizem alguma coisa sobre o município naquele tempo.


  Panorâmica na direção sul da cidade de Lages (SC) - 1959

LAGES
(Comarca, municipio e villa)

     O municipio compõe-se dos districtos da cidade de Lages, Capão Alto, Campo Bello e Painel. A cidade fica situada a 800 metros acima do nível do mar.
     Tem-se desenvolvido muito n'este municipio a fruticultura, pela introducção de grande variedade de arvores proprias do clima. A pecuaria tem tambem tomado notavel incremento, pelo cruzamento que estão fazendo os fazendeiros de typos finos com o gado commum.
     População: 26.000 habitantes

NOTA. - Não se recebendo as informações solicitadas ao dignissimo intendente municipal, 
    publicam-se todas as informações anteriores.

Fonte: Almanak Laemmert - 74° Anno - 2° Volume - Estados - 1918 - p. 4203.
Imagem: Pedro Pinchas Geiger e Tibor Jablonsky - disponível em www.biblioteca.ibge.gov.br

segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Salto Veloso: "O que somos - De onde viemos" - um olhar sobre a história do município

No início de 2013 tive o privilégio de conhecer Ana Rosa e Elisabet Zanela. O contexto não poderia ter sido melhor: uma maravilhosa viagem ao Chile promovida pela UNOESC de Joaçaba. Numa agradável noite em Santiago, durante um jantar na tradicionalíssima picada El Rincón de los Canallas, soube que eram naturais de Salto Veloso e que existia um livro sobre a história da cidade. Meses mais tarde, com vistas ao preparo de uma postagem para o blog, enviei a elas uma foto de Salto Veloso, da década de 1970, que havia garimpado num site de colecionismo, pedindo auxílio na identificação das edificações que aparecem na imagem. Para minha alegria recebi, além das informações solicitadas, um exemplar do belo livro sobre a história da cidade.


A inspiradora imagem que ilustra a capa do livro

     Já pude ler o livro e, defensor da tese de que todos devemos ter respeito e orgulho pela terra em que nascemos, desejo que seu rico conteúdo possa ser conhecido também por todos os velosenses. Não é possível, neste espaço, reproduzir toda esta obra, mas procurarei, paulatinamente, postar alguns dados importantes sobre a história de Salto Veloso.
     Resultado do trabalho da competente historiadora e escritora Alzira Scapin, que contou com o apoio da Prefeitura Municipal de Salto Veloso, o livro parece ter sido publicado em fins de 1996, conforme demonstra a apresentação do mesmo, redigida em 03/12/1996 pelo então Secretário Municipal de Educação e Cultura, Humberto Luiz Dalpizzol, e reproduzida parcialmente a seguir:

     "Tratando-se de apresentar ao leitor uma obra histórica, antes de qualquer colocação podemos afirmar: trata-se de um pedaço da vida de cada munícipe Velosense, que estava escondido, perdendo-se nas facelas do tempo e hora sendo resgatado, trazido novamente a tona, para fluir à memória de um povo. Este mesmo povo que necessitava urgentemente resgatar suas raízes, rever seu passado galgado de conquistas e glórias, olhar o horizonte e continuar orgulhoso, viver seu presente e construir um futuro promissor.
     Trata-se de um trabalho de pesquisa minucioso, realizado pela jornalista e historiadora ALZIRA SCAPIN, que contou com a colaboração de muitos colonizadores ainda presentes, os quais guardavam consigo, na memória viva da história, verdadeiras relíquias de fatos e acontecimentos narrados por seus avós, pais e mesmo vivenciados por eles próprios; preciosidades que beiravam o abismo do esquecimento, não fosse esse maravilhoso resgate.
     Neste livro surpreendente, Alzira conseguiu aliar uma rigorosa pesquisa histórica sobre a vida dos primeiros desbravadores destas terras. Um caminho sem fronteiras.
     O resultado é um livro gostoso de ler, que emocionará muita gente, principalmente aqueles originários das primeiras famílias colonizadoras. Os textos trazem revelações surpreendentes, cenas que vão do comovente ao hilariante sem perder o enfoque histórico. Um retrato fiel, ou o mais próximo dele que se pode chegar até então, de como surgimos, a vida, os costumes, as crenças e tradições de um lugarejo, o qual se tornaria o que somos hoje.
     (...)
     Estas páginas reconstituem a cultura e a história de Salto Veloso, do mesmo modo que reconstitui e preserva aquela velha foto em preto e branco amarelada, perdida no fundo de um baú, no sótão daquela casa antiga estilo italiano, lá no interior do município, onde nasceu muita gente pelas mãos de uma parteira, que perfazia quilômetros no lombo de uma mula, assegurando que mais um colonizador tornara-se um marco, agora registrado nas páginas que prosseguem.
     Felicidades."

     Esperamos que a publicação desta apresentação atice no leitor, especialmente o velosense, o desejo de conhecer os pormenores do surgimento do município de Santo Veloso. Boa leitura!
     

segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Curitibanos: Dr. Guilherme Luiz Abry - Juiz de Direito nos tempos da Guerra do Contestado

Ao elaborar a postagem sobre o material referente a Curitibanos encontrado no Almanak Lammert de 1918, publicada em 02/06/2014, fiquei surpreso ao encontrar ali um sobrenome que me era conhecido no contexto da história de Blumenau: Abry. Tratava-se do então Juiz da Comarca de Curitibanos, Dr. Guilherme Abry. Decidi apurar se poderia haver uma relação com minha cidade. E de fato há, conforme demonstrou a pesquisa cujo resultado compartilho abaixo. A grafia do seu nome foi mantida conforme aparece nos documentos pesquisados.


Dr. Guilherme Abry

     Wilhelm Luis Abry nasceu em Blumenau, segundo o registro de seu batismo, em 03/04/1886, filho do comerciante Luis Abry, estabelecido na localidade de Badenfurt - ou Weissbach, segundo outra fonte -, e de sua esposa Auguste, nascida Clasen. Foi registrado civilmente com o nome de Guilherme Luiz Abry, como tendo nascido em 05/04/1886. 
     Ao longo da vida profissional ficou conhecido como Guilherme Abry, mas entre o seus era tratado por Willy, alcunha provavelmente recebida na infância. E foi na infância que, resultado de uma queda, fraturou o pé. Por falta de recursos médicos em Blumenau para o mal que tendia a agravar-se, foi levado pelo pai à Alemanha, aos 11 anos de idade, a fim de lá receber um tratamento mais adequado. Acabou permanecendo seis anos na cidade de Helmstedt, período em que cursou o ensino ginasial. 
     De volta ao Brasil, fez o curso clássico em Porto Alegre e posteriormente a faculdade de Direito na Universidade de São Paulo. Foi, em dezembro de 1909, o primeiro blumenauense a se formar Bacharel em Direito.
     No ano seguinte, 1910, foi nomeado Promotor Público de Tubarão, posto que ocupou por apenas cinco meses, pois fora transferido para Biguaçu, e de lá, em 1912, para Itajaí.
     Era final de janeiro de 1914 quando, durante a Guerra do Contestado, foi nomeado Juiz de Direito de Curitibanos. Em virtude do grave conflito entre os caboclos e as forças legais, passou por muitos contratempos, tendo que fugir da cidade, montado numa mula, com a qual foi até Florianópolis. Ao retornar a Curitibanos, ao cabo de algumas semanas, encontrou sua casa incendiada, tendo na ocasião perdido todos os seus pertencer, incluindo-se aí sua biblioteca.
     Em 1917* instalou a Comarca de Mafra, onde exerceu as funções de Juiz de Direito por mais de uma década.
     Casou-se em Jaraguá do Sul em 18/09/1922 com Olga Cardozo, nascida em Blumenau em 22/06/1905, e residente em Joinville, filha de Claudino José Cardoso e Rosa dos Santos Cardoso. Vivia o Dr. Guilherme Abry, nesta época, em Hamonia, atual município de Ibirama. Por razões que desconhecemos, sua data de nascimento no registro de casamento aparece como sendo 26/10/1899.
     No dia 30/07/1925 lhe nasceu, em Blumenau, o único filho, Fausto Luiz Abry. Advogado e funcionário público aposentado do Estado do Paraná - jornalista na década de 1970, segundo uma das fontes pesquisadas -, vive em Curitiba, viúvo de Anna Karam, natural daquela cidade, com quem se casou em 1964. O casal teve uma filha, Angela Karam Abry, solteira, que reside com o pai.
     Observamos, no registro civil de seu casamento, e no de nascimento de seu filho que, apesar de ter sido registrado civilmente como Guilherme Luiz Abry, preferia utilizar como nome Luiz Abry Junior, por ser homônimo do pai, também Guilherme Luiz Abry, mas mais conhecido como Luiz Abry.
     No início da década de 1930 ainda está em Hamonia, onde, paralelamente à atividade profissional, exerce o cago de secretário da primeira diretoria do Club Sportivo União Hammonia, atual Sociedade Desportiva União, fundado em 23/04/1931 com a finalidade de 'levantar o sport em geral para o desenvolvimento physico e intellectual da mocidade', conforme reza seu primeiro estatuto, de 31/04/1931.      
       Seu próximo destino foi Joinville, para cuja Comarca foi transferido em 1932, até sua nomeação, em 1937, como Desembargador do Superior Tribunal de Justiça, evento que levou à sua mudança para Florianópolis. 
     Em Florianópolis incentivou a criação do Rotary Club, ocorrida em 17/09/1939, tornando-se seu primeiro presidente.
     Consta ter se estabelecido durante certo período em Joaçaba, onde seu nome figura na lista dos ex-presidentes do Clube 10 de Maio, fundado em 10/05/1931. Cumpriu dois mandatos, nos anos 1942/1943 e 1943/1944.
     Informa a Ata de Instalação da sessão inaugural do Tribunal Regional Eleitoral de Santa Catarina, que em 07/06/1945 proferiu compromisso de posse como desembargador membro daquela entidade, tendo presidido-a de 17/01/1947 a 01/10/1950, após ter sido vice-presidente da gestão anterior. Foi também, no período 11/05 a 01/11/1949, Corregedor Geral da Justiça de Santa Catarina. Exerceu suas atividades em Florianópolis até se aposentar, em 1956, com 70 anos de idade.
     Mais tarde retornou a Blumenau. Recolhido ao leito, vítima de persistente enfermidade, o Dr. Guilherme Abry se instalou  num apartamento do Hospital Santa Catarina, onde passou o restante de seus dias. Faleceu em 02/08/1970, de acidente vascular cerebral, com 84 anos de idade, tendo sido sepultado no cemitério luterano de Blumenau.
     Pouco mais de um ano após sua morte, em 21/10/1971, após Projeto de Lei apresentado pelo Deputado Aldo Pereira de Andrade, foi sancionada pelo Governador Colombo Machado Salles a Lei No. 4642, que denomina de 'Desembargador Guilherme Abry' o Fórum da Comarca de Blumenau.
     Pelo menos dois municípios catarinenses têm ruas em sua homenagem: Joinville, onde já há registros de uma rua com seu nome já em 1979, e Blumenau, onde foi criada a Rua Desembargador Guilherme Abry pela Lei 6642/04 de 20/12/2004.

* O Almanak Laemmert é de 1918, mas muitos de seus dados podem referir-se a 1917 ou mesmo estar desatualizados. O Dr. Guilherme Abry pode ter sido transferido para Mafra em algum momento de 1917.

Fontes:
Dados da genealogia da Família Clasen gentilmente fornecidos por Renato Pimazzoni, elaborados por este com o auxílio do Dr. Niels Deeke (in memorian)
www.tre-sc.jus.br
www.clube10demaio.com.br
www.timesdelbrasil.com.br
www.cgj.tjsc.jus.br
www.rotaryflorianopolis.org.br
200.192.66.20/alesc/docs/1971/4642_1971_Lei.doc
www.c-mara-municipal-de-blumenau.jusbrasil.com.br/legislacao/263180/lei-6642-04.
Imagem: www.tre-sc.jus.br
     

quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Joaçaba: breve histórico da Specht Produtos Alimentícios Ltda.

Em meados da década de 1920, quando o jovem município de Joaçaba ainda não completara 10 anos de existência, surgiu uma importante empresa que muito contribuiu para o desenvolvimento do município: a Specht Produtos Alimentícios Ltda. A seguir, um breve histórico da empresa, que em 2015 completará 90 anos de existência.


      A história da Specht Produtos Alimentícios Ltda. começou na década de 1920, com a chegada ao Brasil da família Specht, vinda de Gröden, na Alemanha. Com a maquinaria de um moinho e uma turbina para geração de energia elétrica, trazidos de seu país, o patriarca da família criou a empresa no município de Cruzeiro do Sul, em Santa Catarina. hoje chamado de Joaçaba.
     A moagem de trigo começou em 1925. Durante 33 anos, o moinho era uma empresa individual e levava o nome de seu fundador: Luiz Specht Filho. Em 1958, a razão social mucou para Luiz Specht Filho Ltda. Quinze anos depois, passou a ter o nome atual: Specht Produtos Alimentícios Ltda. Em constante evolução, a empresa é conhecida no mercado pela tradição e qualidade das marcas Specht e Prontex.
     Empresa tradicional do Oeste Catarinense, a Specht Produtos Alimentícios Ltda. atua no segmento de farinha de trigo, farinha de milho, pré-misturas, farelo de trigo e gérmen de trigo nos estados de Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Paraná, São Paulo, Minas Gerais e Goiás.

Texto e imagens: www.specht.com.br