Há 10 anos falecia o cineasta joaçabense Rogério Sganzerla, ícone do chamado cinema marginal. A seção Lazer do Jornal de Santa Catarina, edição de 09/01/2014, dedicou espaço à memória deste importante artista catarinense. Abaixo, a reprodução da matéria.
Seu nome é peça indispensável na história do cinema brasileiro e alguns de seus filmes aparecem entre as mais importantes produções cinematográficas do país, talvez do mundo. Na última década, teve seu trabalho exibido nos cinco continentes. Não é exagero afirmar que influenciou uma geração, desbravou fronteiras da sétima arte e se tornou uma das mais contundentes figuras do cinema independente, marginal e livre no Brasil. Dez anos após sua morte, Rogério Sganzerla vive na produção de novos cineastas e nas iniciativas que buscam resgatar sua rica obra, ainda pouco explorada.
Nascido em Joaçaba em 1946, Sganzerla sinalizou desde cedo uma inclinação para o cinema. Ainda adolescente, aos 17 anos, mudou-se para São Paulo e passou a colaborar como crítico para o jornal O Estado de São Paulo. Sua primeira produção cinematográfica veio em 1966 com Documentário.
Ainda no final dos anos 1960 lançou O Bandido da Luz Vermelha e A Mulher de Todos, seus dois filmes de maior sucesso e que lhe permitiram investir nas produções seguintes, cada vez mais transgressivas e radicais. Casando-se com a atriz Helena Ignez, considerada musa de seus filmes, formou uma das mais prolíficas parcerias do cinema brasileiro.
- Rogério é a principal figura do cinema marginal, que é um cinema que não obedece regras. O preço dessa transgressão é uma outra margem: a do reconhecimento. A partir da filmografia dele, porém, se cria uma referência permanente. Ele deixou um exemplo de liberdade e coragem para os novos cineastas - afirma o professor dos cursos de Literatura e de Cinema da Universidade Federal de Santa Catarina, Jair Fonseca.
Em 2006, Fonseca e um grupo de alunos de Cinema da UFSC inauguraram o cineclube universitário Rogério Sganzerla, dedicado a exibir filmes que o circuito comercial não contempla. Em 2010 o livro Edifício Sganzerla, organizado pela Editora da UFSC em parceria com o Itaú Cultural, trouxe ao público a compilação dos textos críticos publicados pelo então jovem Rogério no mais importante suplemento cultural do país, na década de 1960.
Já em 2013 o curta-metragem documentário, produzido em Santa Catarina por Rafael Schlichting, revelou depoimentos de figuras como Arrigo Barnabé e Gilberto Gil sobre o cinema do catarinense. Essas três iniciativas estão entre as poucas que nos últimos 10 anos se voltaram para a obra de Sganzerla em seu Estado natal. Rogério Sganzerla morreu no dia 9 de janeiro de 2004, aos 48 anos* (sic!), em São Paulo.
* Nasceu em 26/11/1946. Ao falecer tinha, portanto, 58 anos de idade.
Texto: Fernanda Oliveira
Foto: Itaú Cultural/Divulgação
Fontes: Jornal de Santa Catarina - Caderno Lazer - 09/01/2014
www.pt.wikipedia.org/wiki/Rogério_Sganzerla
Wieland
ResponderExcluirEscrever ou transcrever algo sobre cinema sempre é muito atraente e gostoso de apreciar. Falar de personagens, é saber agradecer ou mostrar o valor de cada artista, neste caso o Rogério Sganzerla a principal figura do filme. Um catarinense ilustre.
Adalberto Day cientista social e pesquisador da história.