Apesar da imensa contribuição ao desenvolvimento nacional, a agricultura brasileira tem inimigos. Houve um tempo, em governos passados de triste memória, que o extinto Ministério do Desenvolvimento Agrário abrigava legiões de "ambientalistas" com declarado ódio aos produtores e aos empresários rurais. Curiosamente, esse pessoal só reconhecia legitimidade na agricultura familiar - aquela hipossuficiente, de produção sub-comercial, dependente de programas sociais-assistenciais do governo. Pela mesma linha de raciocínio, desprezavam a agricultura moderna, produtiva, que gera excedente comerciais exportáveis, proporciona segurança alimentar ao país e superávits na balança comercial.
O ataque dos "ambientalistas" contra produtores rurais, a quem acusam de promover a devastação de matas e agricultura predatória, caiu no vazio por falsear a verdade. A Nasa* divulgou estudo em dezembro demonstrando que as terras brasileiras estão, sim senhor, muito bem preservadas. De acordo com a agência espacial americana, as lavouras ocupam 65,91 milhões de hectares (apenas 7,6% do território brasileiro) e a vegetação nativa é preservada em mais de dois terços da superfície do país.
Esses números comprovam que o Brasil está cumprindo as metas de proteção e conservação ambiental. Essa confortável situação está muito acima do que conseguiu o restante do Planeta, incluídos os países mais desenvolvidos que, habitualmente, proclamam-se menos devastadores.
Na maioria dos países, as atividades agrícolas ocupam entre 20% e 30% da área, de acordo com o relatório da Nasa. Em algumas das maiores economias, a parcela utilizada na produção rural é muito maior. A proporção fica entre 45% e 65% na maior parte da União Europeia, em 18,3% nos Estados Unidos, em 17,7% na China e em 60,5% na Índia. Na Dinamarca, a área cultivada corresponde a 76,8% do território. No Reino Unido, a 63,9%. Na Alemanha, a 56,9%.
O Brasil contemporâneo é uma reconhecida e temida potência agrícola, embora as lavouras ocupem pequena parcela do território. A crescente adoção de tecnologia nos campos e nas lavouras permitiu impressionantes saltos na produtividade em grãos (soja, milho, feijão, trigo, arroz), carnes (bovinos, aves, suínos, ovinos), leite, frutas e hortigranjeiros. Os ganhos de produtividade - resultantes do aperfeiçoamento de sementes, fertilizantes, sêmen, nutrição animal, manejo de solos e plantéis, etc. - tornaram desnecessária a ampliação das áreas cultivadas.
As constatações da Nasa estimulam todos os elos da cadeia produtiva da agricultura e do agronegócio a perseverar nas boas práticas de produção agrossilvopastoril, na preservação dos recursos naturais e no exercício de uma agricultura cada vez mais sustentável e avançada. E comprovam: o setor primário da economia brasileira é de primeiro mundo!
* National Aeronautics and Space Administration.
Fonte: Jornal de Santa Catarina - Giro Financeiro - 13 e 14/01/2018 - p. 24
Texto: José Zeferino Pedrozo - Presidente da Federação de Agricultura e Pecuária do Estado de Santa Catarina (FAESC)
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