quarta-feira, 10 de janeiro de 2018

São Lourenço do Oeste, SMO e Chapecó: Maiores quedas no número de homicídios no período 2016-2017 - jan 2018


     Em um ano com explosão de assassinatos em Florianópolis e Joinville, Santa Catarina fechou 2017 com o que já era previsto: a alta de homicídios. Os dados estaduais divulgados pela Secretaria de Segurança Pública (SSP) na segunda-feira* apontam 983 casos de 1º de janeiro a 31 de dezembro, o que representa crescimento de 10% em relação a 2016, quando ocorreram 894 assassinatos.
     O aumento é o maior desde 2014, último período de balanço divulgado pela pasta. Naquele ano, houve 756 casos, alta de quase 30% na comparação com 2017. A consequência direta é a elevação da taxa de mortes por grupo de 100 mil habitantes, um dos principais medidores de violência do mundo. O índice catarinense em 2017 ficou em 14 mortes.
     Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), a média aceitável é até 10 por grupo de 100 mil habitantes e índice acima disso significa problema. A secretaria rebate que somente acima de 20 mortes por 100 mil habitantes seria algo alarmante considerado pela ONU.
     Na divulgação das estatísticas, a SSP não contabilizou as mortes violentas como latrocínios (roubos seguidos de mortes) e em confrontos com as polícias Civil e Militar, o que elevaria ainda mais o crescimento da violência.
     Em Florianópolis, por exemplo, 2017 teve pelo menos 176 mortes, um recorde na história da Capital catarinense. Destas, segundo a SSP, 149 foram homicídios, contra 79 no mesmo período de 2016.
     Já em Joinville, foram 127 homicídios no ano passado - em 2016 ocorreram 122. Também houve crescimento de homicídios, por exemplo, nas cidades de Palhoça, Blumenau, Navegantes, Penha, Araranguá, Balneário Camboriú e Balneário Piçarras.


     Outro balanço que preocupa é a queda da apuração de autoria dos assassinatos pela polícia. Em 2017, o esclarecimento dos homicídios chegou a 48,1%, enquanto em 2016 foi de 51,9%. Sobre a motivação das mortes, 48,7 foram por causa não informada. Depois, aparecem o tráfico de drogas com 23,2%, as desavenças com 17,9% e a motivação passional com 5,2%.
     O secretário da SSP, César Grubba, não quis dar entrevista para comentar sobre os dados. A manifestação do titular aconteceu apenas na divulgação oficial do Estado, como tem acontecido nos últimos anos. Grubba afirmou que "é inegável que a criminalidade está cada vez mais audaciosa e isso é inquietante".
     O secretário disse ainda que "temos enfrentado a criminalidade com políticas públicas em conjunto com a sociedade" e destacou a nomeação de 9.344 servidores para a segurança deste 2011. Ele também argumentou que SC apresenta números bem distantes da realidade nacional.
     O secretário garantiu ainda o empenho no combate às facções criminosas, consideradas os grandes vilões da explosão da violência. Em 2017, houve chacinas e atentados contra as forças da segurança em cidades catarinenses.



     O aumento de assassinatos em 2017 gera um alerta sobre a necessidade de ampliar a prevenção e fortalecer ações dentro e fora da segurança pública. A defensora pública Fernanda Mambrini Rudolfo afirma que o Estado precisa atacar as causas dos homicídios e agir na prevenção. Para ela, SC trata a segurança pública só como questão de polícia e não envolve educação, lazer, saúde e oferecimento de outros serviços à população.
     - Muitos homicídios decorrem de disparos do tráfico de drogas, de pessoas que estão ociosas. Conversando com essas pessoas, a gente vê que a maioria largou a escola no primário ou começo do ginásio. É aí que temos que trabalhar: tentar combater a evasão - defende Fernanda.
     Para o presidente da Associação dos Delegados de Polícia de SC, Ulisses Gabriel, o aumento é preocupante e, para que se ocorra uma freada brusca, é necessário que se continue aumentando o efetivo das polícias, se valorize os policiais, entre outros pontos como gestão, tecnologia e repressão qualificada.
*08/01/2018.
Fonte: Jornal de Santa Catarina - Segurança - 10/01/2018 - p. 12
Texto: Diogo Vargas - diogo.vargas@somosnsc.com.br

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