segunda-feira, 15 de janeiro de 2018

Chapecó: No mapa das mortes violentas em SC - jan 2018



     O balanço da segurança pública em Santa Catarina em 2017 mostra uma realidade que divide o Estado quando mortes são o assunto. Enquanto em 148 dos 295 municípios não houve registro de nenhum homicídio no ano passado, em apenas 10 das 147 cidades restantes ocorreram 530 assassinatos, mais da metade dos 983 homicídios registrados em todo território catarinense em 2017, de acordo com a Secretaria de Segurança Pública (SSP). A mancha das mortes violentas se concentra na Grande Florianópolis, região de Itajaí, Joinville, Blumenau, Criciúma e no interior atinge apenas Chapecó.
     A SSP ressalta que metade das cidades não teve nenhum homicídio. No entanto, estes são municípios com até 10 mil habitantes e não abrangem nem 20% da população catarinense. Nos 10 municípios com mais registros de assassinatos vivem 2,6 milhões de pessoas, cerca de 38% do total da população catarinense.
     É nessas regiões, ricas e populosas, que o crime organizado atua e as autoridades encontram dificuldades em estancar a violência. Não bastasse o aumento de 10% nos homicídios em SC, o Estado ainda viu diminuir a resolução dos casos de 51,9% em 2016 para 48,1% em 2017. A resolução dos crimes, para a SSP, significa identificar a autoria do delito, o que não quer dizer que o suspeito tenha sido denunciado ou julgado e condenado.
     Delegado-geral da Polícia Civil, Arthur Nitz credita a dificuldade em resolver casos a dois motivos: primeiro, o fato de haver apenas duas delegacias especializadas em homicídios no Estado, uma em Florianópolis - onde o índice de resolução é de 70% -, e outra em Joinville - onde a taxa atinge 60%. No restante das cidades, quem atua são as Delegacias de Investigações Criminais (DICs), que trabalham em outros casos como roubos e tráfico de drogas. O segundo obstáculo, diz Nitz, é a dificuldade em obter informações em comunidades dominadas por facções criminosas.
     - O homicídio de hoje não é o que ocorria uma década atrás. Temos dificuldades em obter informações até em razão da lei do silêncio que reina em comunidades dominadas pelo tráfico - expõe o delegado-geral. Ele garante uma atuação mais "incisiva" da Polícia Civil em 2018 em Florianópolis, Joinville, Blumenau, Itajaí, São José, Palhoça, Navegantes, Criciúma e Chapecó "para tentar frear a violência" nesses locais, mas sem descuidar de outros municípios com população na faixa entre 50 mil e 70 mil pessoas.

Fonte: Jornal de Santa Catarina - Segurança - 13 e 14/01/2018 - p. 12-13.
Texto: Leonardo Thomé - leonardo.thome@somosnsc.com.br
             Schirlei Alves - schirlei.alves@somosnsc.com.br

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