Em janeiro de 2015 o Jornal de Santa Catarina, numa série de reportagens, deu destaque aos técnicos dos times que disputaram o Campeonato Catarinense de 2015. Em sua edição de 28/01/2015, publicou matéria sobre Vinícius Eutrópio, técnico da Chapecoense.
Durante o Campeonato Brasileiro do ano passado*, a Chapecoense convidou Vinícius Eutrópio, que havia sido demitido do Figueirense, para treinar o time. Na ocasião, o técnico recusou a oferta porque estava encaminhado para treinar o Al Ittihad Kalba, dos Emirados Árabes Unidos. Ele ligou às 4h da manhã do Oriente Médio para avisar os diretores do Verdão do Oeste que tinha fechado o contrato, agradeceu o convite e deixou aberta a possibilidade de um acerto futuro.
A atitude deixou boa impressão no clube, que fez nova investida no final do ano passado. Desta vez, a resposta foi sim. Assim como a Chapecoense, Eutrópio está despontando no cenário nacional. O técnico iniciou a carreira como volante e foi campeão catarinense pelo Criciúma em 1989 e da Copa Santa Catarina pelo Figueirense em 1996. Após, atuou como auxiliar de 14 treinadores, entre eles Carlos Alberto Parreira, no Fluminense, e Antônio Lopes, no Atlético-PR. Como treinador, foi campeão catarinense do ano passado pelo Figueirense.
Com a vasta experiência, afirma conhecer bem a força da torcida da Chape e pretende utilizar essa energia para fazer uma boa campanha no Estadual. Sua estratégia é formar um time mantendo a forte marcação, mas com saída rápida para o ataque.
Como será a Chape de Vinícius Eutrópoio?
Vinícius Eutrópio - Vamos manter a marcação forte e, primeiro, o respeito ao adversário. O perfil do grupo que traçamos no planejamento é de jogadores participativos, que atuem na armação das jogadas, mas que também marquem, diminuam o espaço. Vamos atuar como técnica e rapidez. Nos primeiros jogos ainda vai ser difícil ter isso mas, ao longo do campeonato, vamos ter uma marcação forte e uma saída rápida.
Nos primeiros jogos do Catarinense a Chapecoense vai enfrentar times que já vinham treinando há mais tempo. Como você irá fazer para compensar essa diferença?
Eutrópio - É um desafio que teremos que superar. Quando estive na Europa pude observar que lá todos têm 30 dias de férias e todos têm 30 dias de preparação. Aqui é diferente. Além disso, teremos jogos no domingo e no meio da semana. O ideal seria pelo menos um intervalo de sete dias entre os jogos neste início. Mas isso não é culpa da Federação (Catarinense de Futebol).
Você segue um modelo europeu de treinamento?
Eutrópio - A gente procura estar atualizado. Busco experiência com outros treinadores. Nos treinamentos busco muita coisa que se faz lá fora e adapto à nossa realidade. Faço um treinamento desde 2009 que é o futebol integrado. Em vez de correr 50 metros, ele tem que desviar de obstáculos. Isso exige mais do jogador.
Desta vez o Verdão montou um grupo de jogadores conhecidos no cenário nacional. Você acha que o clube é forte candidato ao título?
Eutrópio - É inegável que temos cinco times que têm que entrar no campeonato pensando no título. Na Chapecoense essa situação de reforços se dá por dois motivos. Um é a valorização do futebol catarinense, outro é a valorização da Chapecoense, que se mostrou muito séria no mercado. Além disso, a montagem do grupo foi com o objetivo de formar um time já para o Brasileiro**, para ter poucas mudanças após o Catarinense. Por isso, contratamos um número reduzido, muito em prol da qualidade, Temos apenas 26 jogadores profissionais.
Este deve ser um dos melhores campeonatos de todos os tempos?
Eutrópio - Sim. Um fator muito importante foi a mudança de quatro para seis clubes no hexagonal. Se os cinco times de Série A e B passarem, cada um terá pelo menos 12 partidas sem favoritos. Isso não acontece em nenhum outro campeonato regional no país. Isso nivela os jogadores num estágio mais alto. Falei para os atletas que não vai ter jogo fácil.
*Refere-se a 2014.
**Campeonato Brasileiro da Série A.
Fonte: Jornal de Santa Catarina - Esportes - 28/01/2015 - p. 18
Texto: Darci Debona
Imagem: Marcio Cunha - Especial
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